Hoje no comboio duas finalistas labregas sentaram-se ao meu lado.
Começaram a falar de fitas.
"A tua latinha é assim? A minha é das vaquinhas."
"O que é que compraste para colar as fitas?"
"Pois, aquele velcro... comprei 5 metros! É que eu tenho 80 fitas e fiz as contas e dá 20 pedaços por cada linha."
"Ah pois, eu tenho 50..."
"Tens uma fita preta?!"
"Já agora, se quiseres assinar a minha, assina nesta que tem de muita gente. Toma a caneta. É prateada."
"Não quero! Eu tenho q ser diferente. Tenho aqui outra caneta. O que é escrevo?"
"Não sei, escreve Beijinhos."
... Não ouvi mais porque este foi o tempo de procurar e desembaraçar desesperadamente os meus phones para não ter que as ouvir mais.
Há 3 anos andava eu a distribuir fitas (das quais recebi metade e das quais ainda estou com esperança que me escrevam), a cortar o velcro e a colar as fitas todas tortas no carro em andamento a caminho de Setúbal.
Em época de semanas académicas e de queimas, é impossível não recordar os meus momentos.
De repente 3 anos entram no vácuo do tempo e regresso a uma rititas mais ingénua, menos responsável, menos decidida e mais tolerante.
De repente volto às festas, ao pátio das amendoeiras, às janelas-portas, às viagens até setúbal, à apatia nas aulas, a porto seguro, à ilha em tavira, à música, às lágrimas, às indecisões, aos risos,...
Hoje só me apetece colocar os phones e fixar os olhos no Rio Tejo. É que os 3 anos passados até ao dia de hoje saem rapidamente do vácuo e abafam a rititas.
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