17 de agosto de 2007

um grito surdo

Falava eu de Angola?

Do caminho do aerporto de Guarulhos até... algures em São Paulo, só avistei favelas, prédios gigantescos, poluição, muitos muitos carros e muita gente (12 milhões de pessoas vivem no centro de São Paulo).
A isto sim, posso de chamar de CIDADE:
Movimento desenfreado onde ninguém se importa com o jovem louco e desdentado que grita e chora enquanto esfrega as mãos nos joelhos esfolados à beira dos semáforos; onde um prédio de 10 andares está completamente grafitado.
Uma cidade onde o único cheiro existente é o do fumo que sai dos carros; uma cidade com réstias de escombros vedados pela polícia e um ou outro repórter que queima os últimos cartuchos em notícias sobre o acidente em Gongonhas.
Uma cidade onde posso avistar avenidas inteiras só com lojas para noivas e onde nas passadeiras para peões temos que atravessar a estrada a correr para não sermos atropelados! E se formos condutores, temos que ter cuidado para não parar numa passadeira sem correr o risco do carro de trás estoirar com a nossa traseira).
Uma cidade que me faz acreditar de novo num luxo miserável, num fosso entre ricos e pobres que tanto ouvia falar em Geografia do 9º ano e em que pensava "que injustiça...".
Agora vivendo no meio desse fosso, não me ocorre fazer nada de heróico porque não sou a Super Mulher nem o Presidente da República. Sou a Rita Melo que de alguma forma ainda pode mudar alguma coisa, nem que seja na consciência de uma só pessoa.
Tenho poder para o fazer. Tenho como mudar o meu micro-mundo através da minha existência!


O horizonte não são montes. São arranha-céus.

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