20 de julho de 2005

Rasgo de Inspiração Alheia

Ela queria somente que ele a olhasse nos olhos naquele momento. Tinha a convicção de que se o fizesse iria compreender o que sentia. No mais escondido canto do seu pensamento pedia:
vem até aqui e descobre! Mesmo que depois não admitas que sabes o que sinto, preciso que sejas tu a desembrulhar este sentimento. Sozinha nunca serei capaz de te explicar como as partículas que se cruzam agora dentro de mim [ da alma, porque o corpo é só o veículo ].
Lentamente ela desprende o olhar do infinito, sacode a cabeça com força, pisca os olhos, acorda e sente que está novamente alone.
(...)
Ela levanta-se lentamente, o corpo enfraquecido pela depressão, e sussura para que o vento leve as suas (últimas) palavras:
- queria tanto ser aquela pessoa que tu procuras, pois pareces ser a pessoa que procuro e sem dar conta encontrei.
O vento rodopiou na frente da janela e ofereceu-lhe o rasgo de brisa fatal.

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